“Certa ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes esta ordem: Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei”. (Atos 1:4)
Já ouvi esta pergunta uma centena de vezes. A resposta que dou nem sempre é idêntica, pois entendo que, sendo cada pessoa um ser único, a resposta deve atender aos casos de forma específica. Contudo, há, sim, uma atitude que deve ser comum a todos nós, mesmo respeitando as individualidades.
O texto que uso como base para esta reflexão narra o último contato de Jesus com seus discípulos após sua ressurreição. Aqui ele determina, aos seus seguidores, um momento de espera. Em seguida, conforme encontramos nos versos 6 a 8 deste mesmo capítulo, há uma outra determinação que, no primeiro momento, parece ser contraditória, pois versa sobre movimento, ação. Pura impressão! Antes de falar sobre ação, Jesus volta a informar-lhes sobre o acontecimento que os capacitariam para o cumprimento da missão - para a ação propriamente dita - que é o mesmo acontecimento motivador da espera: a descida do Espírito Santo que, segundo a promessa feita, traria e daria poder (DYNAMES) para o exercício da missão. A palavra grega DYNAMES carrega um sentido de ação capacitadora.
O que fazer enquanto a promessa não fosse cumprida? Esperar! Parece claro. Mas o que fazer durante a espera? Esta pergunta ainda martela nossa cabeça moldada pela cultura pós-moderna, onde a ação é privilegiada.
Esperar, definitivamente, não está no dicionário da nossa sociedade. Queremos tudo para ontem. Queremos internet com banda larga, e quanto mais “larga” melhor. Queremos um trajeto de ascenção social e econômica sem obstáculos. Queremos nossos desejos atendidos sem demora e da forma como solicitamos, como se a vida fosse um restaurante. Não suportamos filas, menos ainda se forem longas e lentas. Avançamos sinais amarelos, para não perder tempo. Nossa alimentação é fast-food. Preferimos os caixas eletrônicos, e só paramos naquele que não tem fila. Queremos um culto com a objetividade de um cálculo matemático, onde a ação de Deus deve obedecer ao programa pré-estabelecido. Não achamos possível que Deus nos fale fora dos trinta minutos reservados para o sermão, sendo assim, posso chegar mais tarde no culto, “ganhando” tempo fazendo outra coisa.
"Fazer" é a palavra de ordem do nosso século. "Não posso perder tempo" é o nosso lema.
Às vezes, preferimos que Deus diga logo um "Não!". Assim, podemos partir para outra coisa sem perda de tempo. Quando Deus diz "Espere", entramos numa crise de ansiedade, angústia e desconforto. Isto, muitas vezes, nos impede de ver o mover de Deus em direção às respostas que tanto ansiamos tê-las.
Quando Deus diz "Espere", significa que fazer nada é a nossa tarefa naquele momento. Nisto, somos treinados na paciência, domínio próprio e fé, sem a qual é impossível agradar a Deus (Hb 11:6). Em momentos de espera, aprendemos que nossa ação deve ter como fonte geradora de energia a ação de Deus em nós através do seu Espírito (Jo 15:5).
Este fazer nada não significa omissão, mas uma espera consciente e ativa, pedindo a Deus sensibilidade à sua voz para entrar em ação quando o poder (DYNAMES) do Espírito Santo nos impulsionar na direção que Ele mesmo indicar.
Se o “fantasma” pós-moderno, chamado ativismo, continuar incomodando seu momento de solitude, faça alguma coisa. Pegue sua Bíblia, alimente-se com as deliciosas guloseimas ali encontradas e, caso só encontre maná ao invés de sorvete, lembre-se que Elias, com apenas pão e água, caminhou 40 dias ao encontro do Senhor porque aquele lanche foi disponibilizado pelo próprio Deus (I Reis. 19: 5-8). Este tipo de lanche é o mais potente energizante que conheço.
No amor do Cristo pelo qual espero,
Pr Paulo Carlos
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